quinta-feira, 19 de março de 2015

Quase onzE

Quase onze. Bebo vinho, ouço música, como chocolate, ligo pra uma amiga (penso: isso são horas de ligar pra alguém, de quem, ao menos quero o bem?).
Bebo outra vez.
me encontro achado no perdido de minhas sombras.
choro meus amigos novos
tão novos e estridentes
como choro de bebe
e, alias um bom choro trançado a pandeiro e violão
me faz beber outra vez mais.
Quase onze...
já estive à beira daquele que beira o mundo,
transmutando em charque toda areia que beija.
Quase onze, ainda!
descobri uma fenda em mim
encoberta pela massa do pão novo de cada dia e desvendada pelo cheiro do vinho velho de todas as horas,
santo e suave!
Ainda quase onze...
me entrego de alma, sem corpo, a verdades irracionais,
momentos passados e sempre, muito "sempremente",
a amores irreais, racionais e imorais,
tais quais estes que agora bebo de um gole SÓ.
As onze nunca chegam...
parando o (nu) tempo.
- será que foi mesmo o relógio que o tempo parou?
Pensou um rapaz que entrou num escurecido quarto do canto, do fim do corredor, com janela selada, após uma mínima sala, que separava-o da cozinha, ao lado do banhadouro, e estranhamente viu o homem que bebia,
por traz de uma velha mesa, olhando para o relógio,
que mirava os dois ao mesmo tempo,
e insistia suas horas não esparramar.  


*Tattu


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